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quarta-feira, 13 de abril de 2022

um canto de desespero

 Um Canto de Desespero

  Yepé nhēēgariçawa çarūgawaīma

(Na direção de Tapi, Márcia Mura ,Juma Xipaya , Watatakalu, Nara Baré e Davi Kopenawa)


Xingu

Ü ünho 

o rio -- assim te chama

o povo Yawalapiti.

Rio que nasceu do abraço do cerrado com a amazonia

Lá pras bandas da Serra do Roncador, terra dos A'uwē

perante o pranto de Namatuyky.


Era um rio de águas livres

como eram livres os povos da floresta.

Agora de Altamira

as noticias correm

que o rio vai morrer.

Ás águas são como lágrimas  na Volta Grande.

Piracema não há mais.

A tristeza nos olhos dos pescadores: 

pouco peixe

tanta fome. 

Em Curuaya e Xipaya

__é só lamento__.

Dor em Amapu.

O banzo abateu Vitória do Xingu.

Xingu

água viva água vida

 Karaipa concretou teus sonhos teus ritos e teus mitos.

Belo Monte

{ hidrelétrica da morte).

Progresso de mentira diante os filhos de Mavutsíni.

Kuarup.

Paira a incerteza nas malocas

Kamaiurá

Yawalapiti

Aweti

Kalapalo

Kayapó

Kuikuro

Mehinako

Trumai Waurá Nahukuá povo dos Suyá.

Belo Monte

o vil progresso  que o governo propaga nos jornais

a custo de tanto sangue e desalento.


Belo Monte

Maldita seja todas tuas comportas

e teus 11.233 megawatts de mentira.

Belo Monte

Belo Monstro.

O Rio Madeira ,dos Mura sufocado pelo mercúrio da cobiça sofre só a sua dor.

Uma infame balsa de 

engrenagem maligna, invadiu pelo Iriri

A Terra do Meio.




 Quebrou a paz no Karimãa.

O medo aportou

Nos olhos dos Xipaya.

O grito de Juma

foi ouvido além 

dos quatro ventos.

Guerreiros

Atentos:

A febre

Do

ouro

que tudo


destrói


e contamina.

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É o mesmo sofrer

do mundo Munduruku

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A dor não.pára de aportar

na região de Waikás.

Tanto pranto na Maloca Aracaçás

pelo corpo da menina morta.

Vilipendiada.

O rio que sangra:

o corpo 

as águas 

a terra

a floresta --

estrupo da vida --.

Garimpo da morte

com as bençãos 

de um governo cúmplice do exterminio.

Maldito todo homem

que arranca o ouro do fundo da terra do leitos dos rios.

Bambúrrio 

Nunca foi sorte

sempre foi morte

e muitos em Brasília possuem as mãos meladas de sangue.

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Moxihatëtëma

O sossegado violado.

Guerreiros assustados

perante os rifles e a morte

que assombra tuas noites.


Yanomami

A queda do céu se aproxima.

 Rios presos

 florestas destruídas

--- Onde haverá vida?.

Napë

teu ouro de ganância

o veneno de tua soja

 as patas dos teus bois --

 tudo precipício.


Disparou a ampulheta

e o tempo não há mais.



Kariwa

Tua sede de lucro

Tua sanha de morte:

Exterminio

Extermini

Extemin

Extermi

Exterm

Exter

Exte

Ext

.Ex

.E

.