Um Canto de Desespero
Yepé nhēēgariçawa çarūgawaīma
(Na direção de Tapi, Márcia Mura ,Juma Xipaya , Watatakalu, Nara Baré e Davi Kopenawa)
Xingu
Ü ünho
o rio -- assim te chama
o povo Yawalapiti.
Rio que nasceu do abraço do cerrado com a amazonia
Lá pras bandas da Serra do Roncador, terra dos A'uwē
perante o pranto de Namatuyky.
Era um rio de águas livres
como eram livres os povos da floresta.
Agora de Altamira
as noticias correm
que o rio vai morrer.
Ás águas são como lágrimas na Volta Grande.
Piracema não há mais.
A tristeza nos olhos dos pescadores:
pouco peixe
tanta fome.
Em Curuaya e Xipaya
__é só lamento__.
Dor em Amapu.
O banzo abateu Vitória do Xingu.
Xingu
água viva água vida
Karaipa concretou teus sonhos teus ritos e teus mitos.
Belo Monte
{ hidrelétrica da morte).
Progresso de mentira diante os filhos de Mavutsíni.
Kuarup.
Paira a incerteza nas malocas
Kamaiurá
Yawalapiti
Aweti
Kalapalo
Kayapó
Kuikuro
Mehinako
Trumai Waurá Nahukuá povo dos Suyá.
Belo Monte
o vil progresso que o governo propaga nos jornais
a custo de tanto sangue e desalento.
Belo Monte
Maldita seja todas tuas comportas
e teus 11.233 megawatts de mentira.
Belo Monte
Belo Monstro.
O Rio Madeira ,dos Mura sufocado pelo mercúrio da cobiça sofre só a sua dor.
Uma infame balsa de
engrenagem maligna, invadiu pelo Iriri
A Terra do Meio.
Quebrou a paz no Karimãa.
O medo aportou
Nos olhos dos Xipaya.
O grito de Juma
foi ouvido além
dos quatro ventos.
Guerreiros
Atentos:
A febre
Do
ouro
que tudo
destrói
e contamina.
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É o mesmo sofrer
do mundo Munduruku
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A dor não.pára de aportar
na região de Waikás.
Tanto pranto na Maloca Aracaçás
pelo corpo da menina morta.
Vilipendiada.
O rio que sangra:
o corpo
as águas
a terra
a floresta --
estrupo da vida --.
Garimpo da morte
com as bençãos
de um governo cúmplice do exterminio.
Maldito todo homem
que arranca o ouro do fundo da terra do leitos dos rios.
Bambúrrio
Nunca foi sorte
sempre foi morte
e muitos em Brasília possuem as mãos meladas de sangue.
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Moxihatëtëma
O sossegado violado.
Guerreiros assustados
perante os rifles e a morte
que assombra tuas noites.
Yanomami
A queda do céu se aproxima.
Rios presos
florestas destruídas
--- Onde haverá vida?.
Napë
teu ouro de ganância
o veneno de tua soja
as patas dos teus bois --
tudo precipício.
Disparou a ampulheta
e o tempo não há mais.
Kariwa
Tua sede de lucro
Tua sanha de morte:
Exterminio
Extermini
Extemin
Extermi
Exterm
Exter
Exte
Ext
.Ex
.E
.
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